Originalmente publicado no Jornal “O Diário”, Edição nº
1.872, em 31/03/2014.
Hoje muito se discute
sobre a necessidade de novos investimentos em educação. Primeiramente, o que
temos de discutir é que fazemos sem educação. A educação é a base para a
construção de todas as outras carreiras, afinal são professores que formam os
outros profissionais. Não é na faculdade que um engenheiro aprende a somar, mas
na escola primária.
Superada essa primeira
dificuldade, é necessário destacar que pesquisas mostram que existe uma ligação
intrínseca ligação entre um IDH alto e uma alta taxa de anos de estudos
(Relatório 2012 – Índice de Desenvolvimento Humano, ONU). Diante dessa
afirmação, é fácil perceber que a mola propulsora para o desenvolvimento
sustentável do país é sim a educação, não apenas à longo prazo, mas sim à médio
prazo. Não devemos falar em curto prazo, pois não há possibilidades de mudanças
tão drásticas serem feitas em pouco tempo, nem de seus efeitos serem sentidos
de forma imediata.
Porém, é necessário que o
Brasil promova essa mudança rapidamente. Dos 40 países avaliados pelo PISA,
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Brasil ocupa o 39º lugar,
acima apenas da Indonésia, perdendo para os nossos vizinhos latinos Argentina,
Chile e México. Essa situação é preocupante, afinal a escola é o ponto central
da formação política de um estado. Ou pelo menos deveria ser.
Dessa forma, podemos
perceber que a educação não deve ser vista como apenas um componente da
formação educacional, mas sim como o principal esteio da fundação do Estado
Democrático. É com base na educação que se fundamenta a educação, tanto de
conhecimento quanto de formação político-sociológica da democracia. Uma
democracia sem educação não é uma democracia burra, é uma autocracia.
Mas se a escola é o ponto
central no qual se funda a democracia, é necessário que a educação não apenas
exista, mas seja de qualidade. O atual sistema educacional matogrossense é mais
um exemplo de educação que existe, mas não funciona. O sistema de ciclos traz
uma taxa de repetência de aproximadamente 3%, enquanto que a média brasileira é
de mais de 13%. Entretanto, isso é enganação, pois a simples não repetência não
afirma a competência dos alunos. Ao final de cada ciclo, boa parte dos alunos
se mostram analfabetos funcionais, tendo sido aprovados sem condições mínimas
para tanto.
E como podemos trazer a
qualidade para o ensino brasileiro? Investimentos! O PISA aponta que os
melhores desempenhos educacionais são obtidos onde o investimento é maior. O
MEC recentemente apresentou uma proposta de investimento progressivo em
educação, em que, até 2020, seriam investidos 7% do PIB brasileiro em educação.
Essa marca de 7% do PIB foi apontada pelo MEC como parâmetro por ser a média do
investimento dos países desenvolvidos em educação.
Entretanto, é necessário
levar em conta o próprio valor do PIB de cada país e o percentual da população
em idade escolar. Temos como exemplo o Canadá, que em 2008 investiu “apenas”
5,2% do PIB. Entretanto, considerando que o PIB canadense ultrapassou, em 2009,
a marca de 1 trilhão de dólares, o valor investido por aluno no Canadá gira em
torno de U$ 7.731,00, aproximadamente, algo próximo dos 18 mil reais, em
valores atuais.
Já no Brasil, considerando
o PIB de 2013, que foi de aproximadamente 2 trilhões de dólares e que a
população em idade estudantil é de quase 90 milhões de pessoas, se for aplicada
a teoria defendida pelo Ministério da Educação, o gasto anual por aluno seria
de aproximadamente U$ 1.620,53, o que equivaleria algo em torno de R$ 3.800,95.
E isso é a estimativa do MEC para seis anos ainda!
Dessa maneira fica clara a
deficiência da educação brasileira, diante da falta de investimentos e de
qualificação. Só para termos uma ideia da discrepância em termos de
investimentos, hoje o Brasil investe cerca de R$ 40 mil reais por ano com
presos federais. Pior ainda, no Brasil, o gasto anual com cada Deputado Federal
fica na casa de 166 mil reais por ano.
Assim, fica claro que a educação não apenas é
uma possibilidade para o desenvolvimento sustentável brasileiro, mas sim uma
obrigatoriedade, mas na qual é obrigatório o investimento maciço e rápido, para
só assim se podermos ter um crescimento verdadeiro e afirmativo. Afinal, como
bem disse o jornalista Chico Pinheiro, “O País que não investe em educação agora,
tem que investir em presídios no futuro!”
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