quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O soldado, o presidente e o prisioneiro



 Mais uma vez, vimos a grande festa do cinema internacional: a entrega do Oscar 2013. Como todos os anos, os melhores filmes de 2013 foram premiados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos.
Entretanto, como todo ano, algumas surpresas foram sentidas. A principal delas talvez tenha sido o prêmio de Melhor Diretor, concedido à Ang Lee, por “As Aventuras de Pi”, filme inspirado no livro “Max e os Felinos”, do autor brasileiro Moacyr Scliar.
O final de 2012 e o início de 2013 trouxe Steven Spielberg como franco favorito, pelo longa “Lincoln”. Porém, contra todas as apostas, Ang Lee levou a melhor.
Aliás, a produção “As Aventuras de Pi” foi o maior vencedor da noite, levando 4 estatuetas, incluindo o já esperado prêmio de Efeitos Visuais, Fotografia, no qual o favorito era “Os Miseráveis” e Trilha Sonora Original.
Ainda falando no Prêmio de Melhor Diretor, foram sentidas as ausências, na lista de indicados, de Quentin Tarantino, por “Django Livre”, e Ben Affleck, por “Argo”. Vale ressaltar que Affleck ganhou o Globo de Ouro como Melhor Diretor, assim é difícil acreditar que nem mesmo foi indicado ao Oscar.
Alguns prêmios ficaram com o que já era esperado, tanto pelas críticas dos filmes quanto pelos prêmios recebidos este ano. Nessa cena se enquadram o prêmio de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis, no papel principal de “Lincoln”, de Melhor Atriz Coadjuvante para Anne Hathaway, como Fantine, de “Os miseráveis”, de Melhor Roteiro Original para Quentin Tarantino, por “Django Livre”, Melhor Filme Estrangeiro para o austríaco “Amor”, Figurino para “Anna Karenina”, o drama familiar e amoroso interpretado por Keira Knightley, entre outros Oscars da área técnica.
Outra surpresa da noite foi o prêmio de Edição de Som, onde houve empate entre a nova aventura do Agente Secreto James Bond, “007 - Operação Skyfall” e “A hora mais escura”.
Por falar em 007, a produção ganhou dois prêmios. Além do já citado Oscar por Edição de Som, ganhou pela Canção Original “Skyfall”, da cantora Adele, que recebeu a estatueta pessoalmente.
Por outro lado, dois dos prêmios mais importantes também reservaram algumas surpresas: no Oscar de Melhor Atriz, que já trazia a mais nova indicada, Quvenzhané Wallis ("Indomável Sonhadora"), de apenas 9 anos, e a mais velha, Emmanuelle Riva ("Amor"), de 86 anos, premiou Jennifer Lawrence, de “O Lado Bom da Vida”, desbancando Naomi Watts (“O Impossível”) e Jessica Chastain (“A Hora Mais Escura”). A atriz ficou tão emocionada com a premiação que tropeou e caiu na escada quando foi subir ao palco para receber a estatueta.
No prêmio de Melhor Ator Coadjuvante, o ganhador do Oscar pela mesma categoria em 2010 por Bastardos Inglórios, Christoph Waltz repetiu o feito com “Django Livre”, desbancando atores do calibre de Robert De Niro (“O Lado Bom da Vida”) e Tommy Lee Jones (“Lincoln”). É a segunda estatueta que Waltz ganha como Coadjuvante em um filme de Quentin Tarantino.
Um dos filmes mais badalados de 2012, “Os Miseráveis”, musical baseado no livro homônimo do escritor francês Victor Hugo, ganhou muito poucos prêmios: além do prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, levou de Mixagem de Som, merecidíssimo, uma vez que os atores cantaram ao vivo durante as filmagens, e Maquiagem e Cabelo.
Entretanto, a maior derrota de “Os Miseráveis” não foi os prêmios que o filme não levou, mas alguns que nem mesmo foi indicado, tais como o de Melhor Diretor, com Tom Hooper, Melhor Ator Coadjuvante, com Russel Crowe, fazendo o clássico Inspetor Javert, Roteiro Adaptado, afinal é baseado na obra prima de Victor Hugo, e Fotografia. Pode até ser que não fossem os ganhadores, mas eram ao menos dignos de uma indicação. Falha da Academia...
Outra grande decepção da noite foi “Lincoln”, do diretor Steven Spielberg. Recordista de indicações, concorrendo à nada menos que 13 estatuetas (duas à mais que “As Aventuras de Pi” e mais que o dobro de indicações de “Argo”, que concorreu à 6 prêmios), “Lincoln” ganhou apenas os prêmios de Melhor Ator, já citado, e o não muito relevante prêmio de Design de Produção.
Por fim, o grande prêmio da noite, o de Melhor Filme ficou com o já esperado “Argo”, a estréia de Ben Affleck como diretor. “Argo”, que conta a história do audacioso resgate de seis americanos presos no Irã do Ayatollah Khomeini, feito através de um falso filme que seria rodado em Teerã, veio desbancando o grande favorito da crítica, “Lincoln” em todas as grandes premiações, levando, inclusive, o Globo de Ouro.
Vale citar também os prêmios de Melhor Curta Metragem de Ficção para “Curfew”, filme Norte Americano que retrata o drama de um homem à beira do suicídio que tem de tomar conta da sobrinha, Melhor Documentário para “Searching for Sugar Man”, que retrata a busca de dois sul-africanos, em meio ao apartheid, pela origem de um obscuro roqueiro chamado Rodriguez, Melhor Documentário em Curta-Metragem para “Inocente”, que conta a história de uma jovem para tornar-se pintora, e a Melhor Animação, que foi para Valente, animação da Disney-Pixar, que venceu “Detona Ralph” na disputa.
No final, o que se pode avaliar é que nem o clássico, “Os Miseráveis”, nem o favorito, “Lincoln”, conseguiram apagar o brilho de uma produção eminentemente patriótica e que exalta as qualidades tanto do soldado quanto do cinema americano. Definitivamente, o Oscar á um prêmio de norte-americanos para norte-americanos! Mas, é sempre bom ter esperanças, afinal, como disse Ben Affleck, ao receber a estatueta por melhor filme Não importa quantas vezes você é derrubado na vida porque isso sempre vai acontecer. O importante é que você se levante.”