sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Eterna Danação do Zagueiro Absoluto

Há muito tempo eu conheci, por nome, um livro do Veríssimo (o filho) chamado “A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto”. E eu tinha uma idéia muito romântica desse livro, por cauda do nome. Para mim, o livro tratava das aspirações e ambições humanas, que jamais se realizariam. Como o zagueiro absoluto, aquele bom mesmo, de quem o técnico jamais abriria mão, mas cuja ambição sempre foi se tornar o atacante e a estrela do time.
Como o Lucio, zagueiro como não se via à muito tempo (se é que se viu algum assim na nossa seleção! Eu mesmo não lembro), mas que vez ou outra resolve dar vazão à sua ambição de ser atacante, larga a defesa e se manda para o ataque, como quem diz: – Já que ninguém faz, faço eu! – Ás vezes dá certo e até sai gol. Ás vezes ele nos presenteia com um ataque do coração...
Mas voltando ao livro. Acabei comprando o bendito do livro pra descobrir que eu estava absalmente errado. Tudo bem, o Veríssimo continua ótimo, mas a eterna privação do zagueiro absoluto era só isso: a falta de um zagueiro decente, o tal zagueiro absoluto. Com ou sem ambições de atacante! É bom lembrar que o texto de que trata a tal privação é anterior ao Lúcio e suas admiráveis (e às vezes quase fatais) jogadas.
Finda a minha ignorância, permaneceu o fascínio. Continuo achando que o titulo seria adequando fora da colocação algo prosaica pretendida pelo LFV. Como uma coisa mais filosófica. Tudo bem, poderíamos escolher entre a interpretação literal ou mudar o titulo. Mas que graça isso teria?
Ainda gosto de pensar que a eterna privação do zagueiro absoluto é uma metáfora para todas as aspirações não realizadas. Tipo tomar Fanta ao invés de suco pro resto da vida ou virar bombeiro quando crescer...
Os nossos sonhos ingênuos que jamais ganharão forma, talvez porque sejamos bons naquilo que fazemos (cada um no seu quadrado!), porque sejamos o tal zagueiro absoluto, ou talvez simplesmente porque não somos bons naquilo que sonhávamos ser...
A pergunta que resta é: “Onde foi que tudo deu errado?” Reconheço que a vida adulta tem suas vantagens. Mas às vezes bata uma saudade da época em que éramos moleques.
No fim sempre sobra a resignação e a certeza de que Fanta enjoa e bombeiro de verdade não é igual bombeiro de filme americano e ainda por cima ganha mal pra caramba!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Torcidas...

Eu li por esses dias um texto do Luis Fernando Veríssimo onde ele narrava uma historia sobre ele mesmo. Na historia, o personagem era um rapaz que tinha a habilidade de ficar invisível. Entre outras, uma das suas grandes proezas era entrar em campo e impedir os gols do adversário contra o Internacional.
O problema é que chegava uma hora em que ele se dava conta de que o que adiantava salvar os gols se o seu time só iria ganhar por causa da sua interferência irregular e se, no final do jogo, ninguém iria poder congratulá-lo.
Isso me ocorre agora em virtude do que aconteceu no jogo dessa quarta, em que as torcidas de Vasco e Corinthians se enfrentaram numa batalha campal, que inclusive resultou na morte de uma pessoa.
Fica difícil conceber que essas coisas estão acontecendo, de novo. Sim, porque já ouve uma época em que as torcidas iam para o estádio pra brigar. E deixavam de lado o espetáculo do futebol. As coisas caminhavam, ao que parecia, totalmente descontroladas, até que, num São Paulo e Palmeiras de juniores, um garoto morreu à pauladas! O garoto não tinha mais que 18 anos e morreu por causa de uma idiotice de alguém.
Daí por diante as coisas melhoraram. Depois de dissolvidas as falsas torcidas e da implantação de políticas de reeducação dos torcedores, estádios de futebol voltaram a ser lugares de lazer e festas de familia. Até agora!
O espetáculo dessa quarta-feira parece mostrar que ainda restam alguns pseudo-torcedores mais interessados em luta - livre do que em futebol. Afinal de contas, uma pessoa que vai para um jogo levando no carro um punhado de barras de ferro, acho que não tem boas intenções...
Os corintianos dizem que foram insultados pelos vascaínos que chegavam de ônibus. Os vascaínos se dizem vitimas de uma emboscada, preparada por torcedores corintianos. Não interessa de quem é a culpa. Ninguém nessa historia é totalmente culpado ou totalmente inocente. Ou vão querer me dizer que nunca ouviram o famoso “quando um não quer, dois não brigam”?! Mamãe sempre me dizia isso!
O pior é que quem paga a conta normalmente quem não tem nada a ver com a historia, como os donos dos carros estacionados que foram depredados ou as dignas torcidas corintiana e vascaínas, interessada em torcer e não em brigar, porque já se estuda a possibilidade do próximo Corinthians X Vasco ter torcida única!
E ainda tem gente que diz que “isso” é torcer pelo time! Se for verdade, eu torço errado desde sempre. E sabe que eu prefiro assim...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vôos e viagens

Mais uma vez ouço noticias sobre catástrofes aéreas. Um avião enorme simplesmente sumiu no mundo e ninguém sabe exatamente onde ele foi parar! Ele pode ter caído e afundado ou os passageiros resolveram tirar umas férias!
Tudo bem, sem piadas sobre uma coisa seria! É o impulso. Foi um acidente trágico. Um fim triste para pessoas que nem sequer se conheciam umas às outras. Um minuto de silencio
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Na verdade o que mais me preocupa nisso não é exatamente o acidente em si (não que isso diminua sua tragédia). O maior problema, na minha opinião, são as conseqüências que esse acidente vai trazer.
Desde que o Airbus 330 sumiu, eu vejo um alarmante aumento de comentários acerca da insegurança de voar, de como a ameaça do caos aéreo continua a pairar, etc. Pior, já ouvi pessoas falarem que estão reavaliaando se iam viajar de avião, pensando se vale à pena ou se o risco é grande demais.
Só o que ninguém se lembra é que, apesar de todo o estardalhaço da mídia com os acidentes aéreos, ainda se morre muito mais nas estradas do que nos céus. A diferença é que existem muito mais culpas e muito mais culpados do que em acidentes aéreos.
Em primeiro lugar não existem estradas nos céus! Não existem formas de se fazer tapa-buracos e desviar recursos! Não se privatiza vias aéreas! Não existem – pelo menos não deveriam existir – pilotos bêbados ou imprudentes!
Tudo bem que, num acidente aéreo, quando o avião cai, dificilmente sobram passageiros vivos. Mas a quantidade de aviões que caem é consideravelmente menor do que de ônibus que despencam de barrancos ou acertam carretas que vem no sentido contrario. Num acidente viário ate sobram alguns passageiros vivos pra contar o que aconteceu. Mas isso ainda não compensa a quantidade que morreu.
Só à titulo de comparação, ate agora, quantos aviões caíram ou se acidentaram, com vitimas, no Brasil? E no mundo? Se não me falha a memória (algo não muito raro) no Brasil só aquele da TAM, que acertou um deposito!
Já nas estradas, só essa semana, que eu tenha visto, já foram uns três acidentes envolvendo ônibus ou vans. Fora aqueles de que só participaram carros pequenos. Ou aqueles que não saíram no Jornal Nacional!
Alem disso, eu pelo menos, nunca ouvi falar de um avião que tenha batido em outro porque o piloto durmiu no volante! Na verdade, só uma vez eu vi um acidente comprovadamente causado por imprudência dos pilotos: aquele que envolvia um jato particular (que ninguém me tira da cabeça que estava sendo pilotado por um dos passageiros e não pelo piloto mesmo) e um avião (por uma tétrica coincidência, da TAM de novo!).
Alem disso, ate onde vão os meus parcos conhecimentos, avião quando cai, é acidente mesmo! Não existe má conservação de vias aéreas nem de aviões. Quando avião cai é porque alguma coisa tava muito errada e não tinha conserto. Acidentes acontecem, cest’la vie!
Então, da próxima vez que você for criticar os transportes aéreos, a não ser que você esteja voando de TABA – Transportes Aéreos da Bacia Amazônica (ou Transportes Aéreos Bastante Arriscados, pros íntimos!) – pense duas vezes! Você estará, muito provavelmente, mais seguro nos céus do que aqui em baixo, nesses buracos cheios de estrada que audaciosamente chamam de rodovias.
Só tem um problema com os aviões: se você quiser uma parada de emergência, saiba que não tem cordinha!