sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mordaça

"o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons"

Essa semana foi finalizada uma consulta pública que o Congresso Nacional fez, via internet, sobre o Projeto de Lei 122, que trata da criminalização de atitudes discriminatórias contra homossexuais, deficientes físicos e idosos.
Aparentemente, a questão dos idosos e dos deficientes é pacífica. Entretanto, o que causa discussão no Congresso é a questão dos homossexuais. Principalmente por parte da bancada evangélica. Chegaram até mesmo à chamar o projeto de “Mordaça Gay”! Incrível.
Não me causa muita estranheza o conservadorismo e a falta de tolerância por parte dos evangélicos. Boa parte dos políticos que integram essa parte da sociedade são bastante radicais. O que me assusta são os dados obtidos durante a consulta pública.
É preciso dizer que a Lei não impede ninguém de expressar suas opiniões ou outra coisa do gênero. Apenas torna crime a discriminação dos “diferentes”. Se você não gosta de gays, tudo bem, mas se você impedi-lo de entrar na loja em que você trabalha apenas pelo fato de ser gay, é discriminação. Isso não é cerceamento de opiniões ou algum tipo de “mordaça”. É respeito! Pelo próximo e por si mesmo, afinal, seguindo o ditado: “Respeitar para ser respeitado!”
Agora, quando eu fui votar eu fiquei realmente surpreso com o resultado parcial: o não estava ganhando! Quer dizer, o povo brasileiro não aprovava uma lei que obrigaria as pessoas a fazer algo que já deveria ser feito por vontade própria, uma lei que obrigue as pessoas a respeitarem seus semelhantes. Isso realmente me espantou.
Sinceramente, não sei o que pode ter causado esse tipo de atitude no povo brasileiro. Claro que o expressivo aumento no número de evangélicos no Brasil pode ter contribuído, mas não explica. O mais lógico (assim espero!) é q falta de informação. Eu mesmo descobri a consulta por acaso, quando visitei o site da Câmara dos Deputados por outros motivos. Assim, o povo brasileiro passaria de preconceituoso à mal informado. Não sei o que é pior, de verdade!
Agora, pior do que a falta de informação do povo brasileiro, ou pelo menos a falta de engajamento social, é forma como o “outro lado”, a bancada evangélica, tratou o assunto. Enquanto chamavam a Lei de “Mordaça Gay”, eles criavam uma “Mordaça preconceituosa e hipócrita”. Afinal, se qualquer um chama um evangélico de “crente”, eles ficam bastante irritados. Se você começar a fazer piadas com as roupas que eles obrigam suas mulheres à vestir ou com os cortes de cabelos (ou falta de corte) delas, eles se sentem muito ofendidos.
Então porque eles aceitam que outras pessoas sejam ofendidas e fiquem quietas? Porque impedir que pessoas que se sintam ofendidas por comentários ou ações preconceituosas busquem justiça? É claro que o preconceito arraigado tem sua parcela de influência, mas a meu ver, o grande motivo disso é a hipocrisia! Os evangélicos não querem que os gays tenham direito à justiça porque são os primeiros a insultá-los e discriminá-los. Então como fariam seus gritantes sermões se pudessem ir para a cadeia por isso?
Mas é importante que não tratemos com o mesmo preconceito que eles dispensam aos outros. Quando falo em evangélicos preconceituosos e hipócritas, me refiro à alguns. Outros, por outro lado, são pessoas amáveis e responsáveis, que não vêem problema algum na lei ou em qualquer outro instrumento criado para dar segurança jurídica aos homossexuais pelo simples fato de que eles não irão sofrer os rigores dessa lei, por que, gostando ou não de homossexuais, eles os respeitam, não por sua orientação sexual, sua raça ou seu credo, mas pela sua condição de ser humano.
É com base nesses exemplos que espero que o mundo caminhe. Só para ilustrar que existem pessoas que, mesmo levando com rigor suas convicções, não deixam de lado o respeito e a dignidade, basta dizer que, no inicio deste ano, o estado americano de Utah, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (nome oficial da Igreja Mórmon) declarou apoio à uma lei semelhante à brasileira, que impedia uma série de abusos que vinham acontecendo, tais como os homossexuais serem despejados de suas casas ou demitidos apenas em virtude de sua opção sexual.
Vale lembrar que a Igreja Mórmon é uma das mais radicais que existe e foi alvo de várias críticas no mesmo estado de Utah por ser radicalmente contra o casamento gay. O líder Mórmon justificou o apoio dizendo que não concorda com o homossexualismo, mas respeita os gays pela sua condição de homens livres.
Dessa forma, acho que fica claro que não importam suas convicções ou suas escolhas, desde que você respeite à todos. Isso é o primeiro passo para termos uma sociedade justa e evoluída. Vamos torcer para que isso aconteça ainda!
Só para finalizar, informo que o resultado não-oficial da consulta pública foi a de que o "sim" ganhou, mas por pouco. O resultado oficial deve sair na semana que vem.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

CARTA ABERTA À SOCIEDADE

Esta Carta Aberta é uma resposta da sociedade organizada às críticas proferidas contra a UNEMAT pelo "fiasco do concurso". Entretanto, é dever salientar que a UNEMAT é mais do que apenas uma realizadora de concursos, é uma promotora de futuros, de perspectivas, de sonhos.
Não se deve criticar toda a instituição pelo erro de uns poucos, poucos esses que, infelizmente, dirigem a Universidade de forma ditatorial, anti-democrática e eleitoreira. Sei que isto é um chavão, mas os que me conhecem de longa data saberão que estou certo em dizer: "Eu avisei!"
Para os que me conhecem à menos tempo, explico: à cerca de sete anos, quando o sr. Taisir Karin se candidatou pela primeira vez à Reitoria da UNEMAT, eu já previra o que iria acontecer, má administração, gestão fraudulenta e politiqueira. E informava ainda que tais afirmações não eram vazias nem fruto de preconceito. Eram baseadas na desastrosa gestão do Instituto de Linguagem durante seu mandato.
Desde então a UNEMAT vem passando por processo de sucateamento, vem sendo leiloada à políticos para seus objetivos mais egoísticos, até mesmo pelo próprio movimento acadêmico. Coisas pelas quais lutamos arduamente foram trocadas por ninharias e favores pessoais. Haja vista o fim do voto paritário!
Mas saibam que há resistência! Alguns servidores, tanto professores quanto técnicos, ainda que sem expressão política, desempenham um trabalho magnífico, vencendo as dificuldades e os obstáculos colocados pela má gestão e administração.
Assim, deixo aqui a esperança e o apelo à todos: Salvemos a UNEMAT dos políticos e dos aproveitadores! Vamos torná-la uma Universidade soberana, livre e autônoma novamente!

A UNEMAT É DO POVO MATO-GROSSENSE

Estamos todos perplexos diante do escândalo que se tornou o maior concurso público da história do país. Perplexos e indignados com a forma como a UNEMAT vem sendo tratada tanto pelo Governo do Estado quanto pela Reitoria. O concurso reflete o grau de irresponsabilidade dos agentes públicos no comando tanto do Governo quanto da Universidade. Mas, não reflete a sociedade mato-grossense, nem a comunidade da UNEMAT. A UNEMAT não é um problema. É uma instituição que tem oferecido, a milhares de jovens do interior, a oportunidade de acesso ao ensino superior público. São 15 mil alunos para quase mil professores e 450 técnicos, aproximadamente. Desde os anos 80, a UNEMAT tem sido a grande responsável pela formação de professores no estado, contribuindo para que Mato Grosso tivesse hoje a quase totalidade de professores graduados na rede pública. Por esforço de seu quadro docente, conta com quatro programas de mestrado institucional e inúmeros outros em parceria com renomadas instituições de ensino superior do Brasil.

Além disso, a UNEMAT como instituição multi-campi, está presente em todas as regiões do Estado do Mato Grosso e, potencialmente, tem todas as condições de produzir conhecimento que atenda questões de relevância social.

Apesar disso, a média de gasto por aluno é de cerca de R$ 700,00/ano (setecentos reais por ano), enquanto a média das universidades públicas brasileiras gira em torno de R$ 8.000,00/ano (oito mil reais por ano)! De fato, não é surpresa que as condições estruturais da UNEMAT não sejam adequadas. E não o são por duas razões: Primeiro porque o governo tem tratado a nossa universidade com descaso. É somente quando há risco de desgaste político ao governo que a UNEMAT se torna pauta da agenda governamental ou quando há interesses de atender clientelas políticas, oferecendo cursos sem planejamento e sem garantia de financiamento.

Há tempos que a comunidade acadêmica, através das entidades representativas de professores e estudantes tem denunciado às autoridades a forma temerária, irresponsável como vem sendo gerida a Universidade. Tantas são as denúncias feitas sobre o caráter nefasto que, por exemplo, a FAESP tem adquirido no interior da UNEMAT. Os desrespeitos constantes da reitoria às decisões de instâncias superiores, a forma atabalhoada como tem sido conduzidas questões importantes como a própria implementação do Plano de Carreira dos Professores, as denúncias de corrupção, tudo isso são provas mais que suficientes da incapacidade da direção da UNEMAT de conduzir um concurso público da magnitude deste que pretendeu fazer. O governo foi avisado, reiteradas vezes. Mas, preferiu ignorar os fatos, preferiu acreditar na tese de que não tem responsabilidade sobre os desmandos e desorganização interna da UNEMAT. Preferiu acordos com a reitoria para projetos eleitorais. Pagou caro por isso!

Nós, que somos parte da comunidade da UNEMAT, não de sua direção, representantes da sociedade organizada, não vamos aceitar que a responsabilidade sobre o vexame do concurso recaia sobre a Universidade. A responsabilidade é de quem, com o poder e dever de governar para todos, tratou a universidade como um “incômodo problema” e, sem políticas para o setor de ensino superior, preferiu “lavar as mãos”.

Não aceitamos que a comunidade acadêmica inteira seja julgada a partir das práticas clientelistas e irresponsáveis de sua direção, práticas estas que temos combatido diuturnamente no interior da Universidade e fora dela.

O fiasco do concurso público não depõe contra a universidade, revela sim a insustentabilidade de uma gestão incompetente, sem direção e autoritária que, por isso mesmo, conduziu o concurso da mesma forma como vem conduzindo a universidade. Exigimos que os entes públicos (Executivo, Legislativo, Judiciário) assumam a responsabilidade sobre esta instituição que é pública: exigindo cumprimento das regras institucionais, respeito decisões dos colegiados superiores, enfim, às leis que regem toda e qualquer administração pública que a direção da UNEMAT parece desconhecer!

Não admitimos mais uma Universidade amordaçada! A UNEMAT é de todos nós mato-grossenses, exigimos respeito!!

ADUNEMAT, DCE PAULO FREIRE (UNEMAT, Cáceres), DCE EDSON LUIS (UNEMAT, Sinop), SINTEP, CUT/MT, MCCE Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral, OAB/MT, DCE UFMT, ADUFMAT, ANDES-SN Regional Pantanal,