Originalmente publicado no Jornal “O Diário”, Edição nº
1.882, em 17/04/2014.
Alguns dias atrás,
foi divulgada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, IPEA, uma
pesquisa que afirmava de que 65% dos brasileiros concordavam com a ideia de que
mulheres que usam roupas curtas ou provocantes mereciam ser estupradas. Essa
revolta causou indignação e revolta por todo o país, movimentando as redes
sociais, aparecendo nas TVs e sendo comentada até pela Presidenta Dilma.
Uma campanha,
idealizada por Nana Queiroz, virou as redes sociais de cabeça para baixo,
provocando protestos e mobilizando artistas e celebridades em um movimento em
prol da defesa da segurança feminina.
Na sexta-feira
passada, entretanto, o IPEA divulgou uma nota, informando que houve um erro no
processamento dos dados obtidos e que, na verdade, “apenas” 26% dos brasileiros
acham que mulheres de roupa curta merecem ser atacadas.
Havendo erro ou não,
o fato é que ainda existem pessoas que acreditam mesmo que alguma mulher merece
ser atacada sexualmente. E, incrivelmente, acham isso normal. A questão é:
essas pessoas teriam a mesma ideia se fosse a esposa, a namorada ou a filha a
agredida?
Mulher nenhuma merece
ser agredida ou estuprada. O respeito à mulher, e ao ser humano de modo geral,
é um direito de nascimento, que deve ser valorizado sempre. Nenhuma mulher deve
ser agredida, seja por usar roupas curtas, seja por ciúmes de marido, seja por
qualquer coisa. Muito tempo atrás, meu avô me ensinou que em mulher não se bate
nem com uma pétala de rosa.
Por outro lado, esse
mesmo avô também me ensinou que mulher de verdade respeita a si mesma acima de
tudo. E o autorrespeito anda em baixa na sociedade brasileira. Uma coisa é
dizer que mulheres que usam roupas curtas merecem
ser agredidas. Isso é errado! Outra coisa, bem diferente, é achar que
mulheres devem usar roupas curtas e
provocantes. Isso é opinião, e cada um tem a sua.
Pessoalmente,
acredito que, da mesma forma que somos instruídos à não fazer algumas coisas
para nos protegermos, como trancar sempre a casa ou não abrir a janela do carro
em semáforos nas grandes cidades, as mulheres também devem tomar algumas
atitudes para se resguardar desse tipo de violência. A mulher que usa roupa
curta ou provocante não merece ser atacada, mas dá esse ensejo, provoca o
criminoso. Apesar de nada justificar a violência, o que pergunto é se ela
estivesse vestida com mais recato, ela seria atacada? A triste realidade é que
vivemos numa sociedade machista e conservadora e, apesar de não merecerem,
mulheres que se vestem para provocar dão ensejo à serem vítimas de
estupradores.
E isso não fica
apenas nos crimes, mas também no cotidiano. Acho cômico meninas com saias
minúsculas que mostram mais do que escondem, decotes que vão até o umbigo que
dançam rebolando até o chão ao som de músicas que tratam mulheres como pedaços
de carne e que depois falam chorosas: “Porque nenhum garoto que namorar sério
comigo?” Pergunta difícil hein!?
A verdade é que cada
um tem deve ter o direito de fazer, e usar, o que bem entender, mas deve arcar
com as consequências dessa escolha. Não é certo que mulheres sejam agredidas e
estupradas, mas isso acontece, da mesma forma que temos corrupção, fome,
analfabetismo e outras misérias. E as mulheres, se não quiserem ser vítimas,
tem sim que demostrar mais respeito por si próprias.
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