sexta-feira, 20 de junho de 2014

Aos mestres, com carinho e respeito.



Originalmente publicado no Jornal “O Diário”, Edição nº 1.787, em 17/10/2013.

Na última terça-feira, dia 15 de outubro, foi comemorado o Dia do Professor. Apesar de não ser considerado um feriado nacional, é ainda um feriado escolar, que deve ser celebrado nas escolas, para que, segundo o Decreto Federal 52.862 de 14 de outubro de 1963, “(...) se enalteça a função do mestre na sociedade moderna (...)”.

À título de informação, o Dia do Professor é celebrado em 15 de outubro, pois essa foi em 15 de outubro de 1827 que um Decreto Imperial, emitido por D. Pedro I, determinou a criação do ensino elementar no Brasil. Esse decreto tratava de muitas coisas, desde o direito de que “cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”, até coisas como salários de professores e as disciplinas básicas que todos deveriam ter.

A comemoração em si, entretanto, só passou a ser feita em 1947, na cidade de São Paulo, quando o professor Salomão Becker sugeriu um encontro entre pais e professores, para uma pequena confraternização, a fim de fazer um intervalo no longo período letivo, para evitar uma estafa coletiva.

A ideia foi aceita e, a partir de então, realizada todos os anos. A confraternização acabou se espalhando para outras escolas e cidades até que em 1963 foi decretado o dia 15 de outubro como feriado escolar.

Ou seja, após esse pequeno momento histórico, podemos perceber que se passaram 186 anos desde o Decreto Imperial de D. Pedro I e exatos cinquenta anos desde o Decreto 52.862. Mas afinal, o que mudou desde então?

Infelizmente, quase nada. O Decreto Imperial de 1827 jamais foi devidamente cumprido; as escolas de ensino elementar jamais foram implantadas efetivamente. A dignidade de que fala o Decreto 52.862 ainda não foi experimentada pelos professores. O que causa mais indignação é o descaso com que a educação brasileira tem sido tratada, como se fosse algo de pouca valia para a sociedade e o governo.

Mas é importante sim. A educação é o principal pilar onde se apoia a sociedade. E isso é fácil de provar. Toda sociedade precisa de juízes, médicos, engenheiros, contadores, enfim, precisa de um sem-número de profissionais. Mas quem forma esses profissionais? São os professores, claro!

Entretanto, no Mato Grosso, um juiz tem salário inicial de 29 mil reais, enquanto o governo se nega a pagar um piso salarial de R$ 1.566,64. Enquanto gasta-se mais de 2 bilhões de reais com obras para acomodar míseros três jogos de Copa do Mundo, os alunos das escolas estaduais estudam no calor mato-grossense porque não há verbas para a instalação de aparelhos de ar-condicionado.
Por fim, o que se vê é que o professor, que deveria ser o mais valorizado dos profissionais, acaba por ser aquele que mais é desacatado pelo poder público. Na primeira confraternização do Dia dos Professores, o idealizador da festa, Prof. Salomão Becker disse que “Professor é profissão. Educador é missão”. Uma árdua missão, afinal.

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