Originalmente publicado no Jornal “O Diário”, Edição nº
1.787, em 17/10/2013.
Na
última terça-feira, dia 15 de outubro, foi comemorado o Dia do Professor.
Apesar de não ser considerado um feriado nacional, é ainda um feriado escolar,
que deve ser celebrado nas escolas, para que, segundo o Decreto Federal 52.862
de 14 de outubro de 1963, “(...) se enalteça a função do mestre na
sociedade moderna (...)”.
À título de informação, o Dia do Professor é
celebrado em 15 de outubro, pois essa foi em 15 de outubro de 1827 que um
Decreto Imperial, emitido por D. Pedro I, determinou a criação do ensino
elementar no Brasil. Esse decreto tratava de muitas coisas, desde o direito de
que “cidades, vilas e lugarejos tivessem
suas escolas de primeiras letras”, até coisas como salários de professores
e as disciplinas básicas que todos deveriam ter.
A comemoração em si, entretanto, só passou a ser
feita em 1947, na cidade de São Paulo, quando o professor Salomão Becker
sugeriu um encontro entre pais e professores, para uma pequena
confraternização, a fim de fazer um intervalo no longo período letivo, para
evitar uma estafa coletiva.
A ideia foi aceita e, a partir de então,
realizada todos os anos. A confraternização acabou se espalhando para outras
escolas e cidades até que em 1963 foi decretado o dia 15 de outubro como
feriado escolar.
Ou seja, após esse pequeno momento histórico,
podemos perceber que se passaram 186 anos desde o Decreto Imperial de D. Pedro
I e exatos cinquenta anos desde o Decreto 52.862. Mas afinal, o que mudou desde
então?
Infelizmente, quase nada. O Decreto Imperial de
1827 jamais foi devidamente cumprido; as escolas de ensino elementar jamais
foram implantadas efetivamente. A dignidade de que fala o Decreto 52.862 ainda
não foi experimentada pelos professores. O que causa mais indignação é o
descaso com que a educação brasileira tem sido tratada, como se fosse algo de
pouca valia para a sociedade e o governo.
Mas
é importante sim. A educação é o principal pilar onde se apoia a sociedade. E
isso é fácil de provar. Toda sociedade precisa de juízes, médicos, engenheiros,
contadores, enfim, precisa de um sem-número de profissionais. Mas quem forma
esses profissionais? São os professores, claro!
Entretanto,
no Mato Grosso, um juiz tem salário inicial de 29 mil reais, enquanto o governo
se nega a pagar um piso salarial de R$ 1.566,64. Enquanto gasta-se mais de 2
bilhões de reais com obras para acomodar míseros três jogos de Copa do Mundo,
os alunos das escolas estaduais estudam no calor mato-grossense porque não há
verbas para a instalação de aparelhos de ar-condicionado.
Por fim, o que se vê
é que o professor, que deveria ser o mais valorizado dos profissionais, acaba
por ser aquele que mais é desacatado pelo poder público. Na primeira
confraternização do Dia dos Professores, o idealizador da festa, Prof. Salomão
Becker disse que “Professor é profissão.
Educador é missão”. Uma árdua missão, afinal.
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