sexta-feira, 20 de junho de 2014

Patriotismo Ausente



Originalmente publicado no Jornal “O Diário”, Edição nº 1.768, em 13/09/2013.

No último sábado, dia 07 de setembro, comemoramos o Dia da Independência. Por todo o país, houve desfiles, paradas militares e atos cívicos. Tudo muito bonito e elegante.
Particularmente, fique impressionado com a quantidade de discursos preferidos, que exaltavam a atitude de Dom Pedro I, nosso Libertador, também conhecido como Protetor Perpétuo do Brasil. Mas mais impressionado ainda fiquei com a quantidade de gente que adora o dia de Independência apenas pelo feriado que proporciona.
Recentemente, li nas redes sociais críticas à uma imagem de alunos perfilados frente à Bandeira Nacional, com as mãos no peito, cantando o Hino Nacional. Uma das mensagens chamava de patriotismo hipócrita, onde só cantavam o Hino por que eram obrigados.
Claro que a Independência brasileira foi mais uma das muitas coisas feitas de acordo com o famoso “jeitinho brasileiro”. Primeiro, porque foi a única nação das Américas que saiu da Colônia para o Império.
Todas as outras colônias do ultramar conquistaram sua independência através de uma ampla reforma política que culminou com a República. No Brasil, a República viria somente 67 anos depois, com um golpe militar, que por sinal, não tinha muito de democrático, haja vista que o Imperador Dom Pedro II tinha ideais bem mais democráticos do que os Marechais golpistas.
Ou seja, no Brasil, a Independência não trouxe nada de novo no cenário político-social, até porque os grandes produtores rurais continuaram no poder.
Outra imagem que deve ser revista nos nossos livros de História é a famosa imagem do Grito de Independência, que sempre mostrou Dom Pedro I montado em um belo alazão, com toda uma tropa à volta. A verdade é bem menos glamorosa: Dom Pedro tinha parado para se aliviar “numa moitinha”, quando recebeu a Carta da Coroa Portuguesa determinando sua volta e sua submissão imediata às ordens portuguesas. O tão famoso Grito da Independência, afinal, não passou de um grito de exasperação com as ordens do papai.
Além disso, nossa Independência nos custou caro; nada menos que dois milhões de libras esterlinas. Para a época, era um preço exorbitante. Só que o jovem Império Brasileiro não dispunha de todo esse dinheiro, o que nos tornou, desde cedo, devedores dos ingleses.
Assim, podemos ver que a Independência do Brasil não foi conquistada, mas comprada. A meu ver, a maior consequência disso não são as dívidas. Nem o negro período do primeiro Império, cujo único legado positivo foi o Imperador D. Pedro II. O maior agravante de uma independência não batalhada é uma falta de orgulho cívico e patriotismo que nos faz sempre sentir-se sempre como um intruso, um colono.
Os americanos (se preferir, podem chamá-los de estadunidenses, afinal são nativos dos Estados Unidos) podem ter vários defeitos, mas a Guerra da Independência, que começou com uma festa, aliás, a Festa do Chá de Boston, bem como a Guerra Civil Americana, incutiram um sentimento de patriotismo nos americanos que beira o fanatismo.
Além dos EUA, todos os países que a constituição nacional foi feita através de revoltas e manifestações populares, os habitantes parecem mais patriotas, mas conscientes de sua responsabilidade cívica.
No Brasil, esse patriotismo é falho e, em algumas vezes, quase inexistente (ou ainda chamado de obrigatório). Salvo quando se trata da Seleção Brasileira de Futebol. Nesse caso, o patriotismo é resoluto e quase unânime.
Não que eu seja a favor de guerras, batalhas e mortes, mas a apatia do brasileiro quando se trata da sua nação é algo profundamente preocupante, já que essa apatia se transfere para todos os aspectos da vida civil. A horda de arruaceiros e criminosos que se infiltraram nos protestos populares dos últimos meses é prova disso.
Quem sabe com umas aulas das velhas disciplinas de Organização Social e Política Brasileira – OSPB e Educação Moral e Cívica os nossos jovens não descobrem que patriotismo é mais do que uma camisa de futebol?!
 

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