Originalmente publicado no Jornal “O Diário”, Edição nº
1.768, em 13/09/2013.
No
último sábado, dia 07 de setembro, comemoramos o Dia da Independência. Por todo
o país, houve desfiles, paradas militares e atos cívicos. Tudo muito bonito e
elegante.
Particularmente,
fique impressionado com a quantidade de discursos preferidos, que exaltavam a
atitude de Dom Pedro I, nosso Libertador, também conhecido como Protetor
Perpétuo do Brasil. Mas mais impressionado ainda fiquei com a quantidade de
gente que adora o dia de Independência apenas pelo feriado que proporciona.
Recentemente,
li nas redes sociais críticas à uma imagem de alunos perfilados frente à
Bandeira Nacional, com as mãos no peito, cantando o Hino Nacional. Uma das
mensagens chamava de patriotismo hipócrita, onde só cantavam o Hino por que
eram obrigados.
Claro
que a Independência brasileira foi mais uma das muitas coisas feitas de acordo
com o famoso “jeitinho brasileiro”. Primeiro, porque foi a única nação das
Américas que saiu da Colônia para o Império.
Todas
as outras colônias do ultramar conquistaram sua independência através de uma
ampla reforma política que culminou com a República. No Brasil, a República
viria somente 67 anos depois, com um golpe militar, que por sinal, não tinha
muito de democrático, haja vista que o Imperador Dom Pedro II tinha ideais bem
mais democráticos do que os Marechais golpistas.
Ou
seja, no Brasil, a Independência não trouxe nada de novo no cenário
político-social, até porque os grandes produtores rurais continuaram no poder.
Outra
imagem que deve ser revista nos nossos livros de História é a famosa imagem do
Grito de Independência, que sempre mostrou Dom Pedro I montado em um belo
alazão, com toda uma tropa à volta. A verdade é bem menos glamorosa: Dom Pedro
tinha parado para se aliviar “numa moitinha”, quando recebeu a Carta da Coroa
Portuguesa determinando sua volta e sua submissão imediata às ordens
portuguesas. O tão famoso Grito da Independência, afinal, não passou de um
grito de exasperação com as ordens do papai.
Além
disso, nossa Independência nos custou caro; nada menos que dois milhões de
libras esterlinas. Para a época, era um preço exorbitante. Só que o jovem
Império Brasileiro não dispunha de todo esse dinheiro, o que nos tornou, desde
cedo, devedores dos ingleses.
Assim,
podemos ver que a Independência do Brasil não foi conquistada, mas comprada. A
meu ver, a maior consequência disso não são as dívidas. Nem o negro período do
primeiro Império, cujo único legado positivo foi o Imperador D. Pedro II. O
maior agravante de uma independência não batalhada é uma falta de orgulho
cívico e patriotismo que nos faz sempre sentir-se sempre como um intruso, um
colono.
Os
americanos (se preferir, podem chamá-los de estadunidenses, afinal são nativos
dos Estados Unidos) podem ter vários defeitos, mas a Guerra da Independência,
que começou com uma festa, aliás, a Festa do Chá de Boston, bem como a Guerra
Civil Americana, incutiram um sentimento de patriotismo nos americanos que
beira o fanatismo.
Além
dos EUA, todos os países que a constituição nacional foi feita através de
revoltas e manifestações populares, os habitantes parecem mais patriotas, mas
conscientes de sua responsabilidade cívica.
No
Brasil, esse patriotismo é falho e, em algumas vezes, quase inexistente (ou
ainda chamado de obrigatório). Salvo quando se trata da Seleção Brasileira de
Futebol. Nesse caso, o patriotismo é resoluto e quase unânime.
Não
que eu seja a favor de guerras, batalhas e mortes, mas a apatia do brasileiro
quando se trata da sua nação é algo profundamente preocupante, já que essa
apatia se transfere para todos os aspectos da vida civil. A horda de
arruaceiros e criminosos que se infiltraram nos protestos populares dos últimos
meses é prova disso.
Quem
sabe com umas aulas das velhas disciplinas de Organização Social e Política
Brasileira – OSPB e Educação Moral e Cívica os nossos jovens não descobrem que
patriotismo é mais do que uma camisa de futebol?!
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