terça-feira, 26 de maio de 2009

Provas e Vestibulares

Agora inventaram mais uma moda, o vestibular unificado. Na minha época, o vestibular era uma batalha campal, vencida passo à passo, ano à ano. Ganhava quem conseguia abastecer mais a sua trincheira, quer dizer, a sua memória, de coisas que mais tarde se revelariam absolutamente inúteis. Ou você vai me dizer que alguma vez usou a fórmula de Báskara para alguma coisa? Eu, pelo menos, nunca usei.
Anos estudando com afinco e esmero. Tínhamos chegado a um ponto em que o colégio não era pra ensinar e formar cidadãos. Era um preparatório! Tudo visava uma simpática prova de marcar “xis”. Ou de “Verdadeiro” ou “Falso”. Até mesmo as “atualidades” que se ensinavam eram aquelas que tinham mais possibilidades de cair no vestibular.
Mas pelo menos, na minha época a briga era menos injusta. Cada um competia com seus conterrâneos, sem distinção. Não que os filhos bem nascidos e educados em escolas particulares não tivessem mais chances, mas pelo menos, se te desse um branco na hora da prova, era só marcar “C” em tudo, e torce pra não zerar.
O primeiro modismo com o vestibular foram as cotas. As cotas, que pessoalmente eu nunca entendi direito, são assim: o sujeito vai lá, diz que é negro e concorre à vagas diferentes das dos outros?! Jamais direi que o Brasil é um país justo e livre de preconceitos, mas a prova de vestibular sempre foi uma exceção. Isso porque o vestibular é corrigido por uma máquina, que vai comparar aquelas infames bolinhas do gabarito, que você se matou para preencher, com as respostas certas. E até onde eu saiba, bolinha de negro, desculpa, de afro-descendente é igualzinha a bolinha de branco! Bom, pelo menos essas bolinhas!!
E mesmo as provas em que você era obrigado à escrever, o sujeito que ia corrigir a prova não sabia se você era branco, negro, azul ou amarelo. E se por acaso a letra de um negro for mais feia do que a de um branco, então eu, descendente direto de alemães imigrantes, estou na raça errada, porque a minha letra é feia pra caramba!
Uma vez fiz esse questionamento para uma professora, que participava de movimentos em defesa da raça negra. Ela me respondeu que tinha que ser assim, porque os negros pertenciam às classes mais pobres da população. Certo, certo, concordo com isso. Mas e os (poucos, é verdade) negros que não estão na parte inferior da pirâmide? E os brancos que também não puderam estudar porque também são pobres? Até hoje, nem ela nem ninguém conseguiu me dar uma resposta satisfatória. Pode tentar, se quiser.
Fora essa questão sócio-filosófica, as cotas ainda causaram situações tragicômicas, como a do caso da UNB, cuja “seleção” de raça é feita através de uma foto tirada na hora da inscrição. Lá, dois gêmeos idênticos solicitaram a inscrição nas cotas e tiraram a tal foto. No fim da avaliação, um foi considerado branco, e o outro, não! Pode um trem desses?? Sei não, mas ainda acho que a culpa foi do fotógrafo. Tinha luz demais numa foto e de menos na outra.
Depois de tudo isso, ainda me vem com esse negócio de vestibular unificado, medido através do ENEM. Antes, pelo menos, se alguém lá do eixo Sul-Sudeste quisesse vir roubar as nossas vagas aqui do Mato Grosso, ele tinha que pelo menos vir até aqui, ser assado vivo no nosso calor, sofrer com os costumes locais e ainda por cima passar na prova.
Agora ele pode tomar o lugar dum conterrâneo nosso sem nem mesmo sair do ar-condicionado onda já habita. A cada dia a coisa vai ficando mais fácil. A gente só precisa descobrir exatamente pra quem.
Acho que eu devia pedir uma compensação, uma indenização por todo o estudo e esforço que agora não existe mais. É injusto que eu, e provavelmente você, tenha ralado tanto e os outros peguem tudo de mão beijada. Se não agora, na próxima bobagem que fizerem com o vestibular.

Um comentário:

  1. e aqueles q vao prestar vestibular este ano? e os pais destes "Vestibulandos" que n sabem mais o q estudar?

    ResponderExcluir