quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pirâmides Ponzi

Originalmente publicada no Jornal "O Diário", Edição 1.723, em 27 de junho de 2013.
Nos últimos dias, muito se tem ouvido falar de empresas de “Marketing Multinível”, como muitas que tem aparecido na mídia ultimamente. Ganhos exorbitantes, em pouco tempo. Claro que isso interessa a todo mundo, afinal, quem não quer ganhar um pouco mais de dinheiro, principalmente se o trabalho for pouco?!
Mas não devemos nos enganar. Altos ganhos, em pouco tempo, a não ser que seja prêmio da loteria, geralmente está associado a algo errado. Não há problemas em trabalhar e batalhar por um pouco mais de qualidade de vida. Só que ganhar tanto dinheiro em tão pouco tempo é surreal em um país com uma carga tributária e ausência de incentivos tão grandes como o nosso. Isso porque, quando uma empresa honesta oferece um produto à venda, deve-se levar em conta os custos de produção do produto em si, os gastos com divulgação, envio, propaganda, funcionários, água, luz, telefone, material de expediente, impostos, ufa! É tanta coisa que se o vendedor for estabelecer um uma margem lucros como as ofertadas pelas empresas acima citadas, que é acima de 50%, isso faria do produto um verdadeiro pesadelo de vendas, já que o preço final ficaria muito acima dos concorrentes.
Então como as atuais falsas empresas de Marketing Multinível conseguem pagar tanto para os seus investidores? A resposta é fácil: com o dinheiro de outros investidores! A ideia básica é sempre a mesma: o investidor investe um valor para participar do programa e, em pouco tempo recebe de volta o valor investido. Normalmente, quando alguém entra nesse esquema, é por que viu outro alguém ganhando com isso. Assim, de boca em boca, o negócio vai crescendo, com os investidores mais novos pagando os lucros dos investidores mais velhos, após, claro, a comissão do dono do negócio.
O pior de tudo é que esse é um golpe muito antigo. Nos idos de 1920, o golpista ítalo-americano Charles Ponzi criou um fraude gigantesca, onde propôs um investimento de alto rendimento, mas que nada produzia, mas que na realidade era pago com o dinheiro de novos investidores. Claro que um esquema desses não se sustenta por muito tempo, já que uma hora ou outra vai farta gente entrando para pagar os lucros dos que já fazem parte do negócio. Assim, invariavelmente, o esquema, chamado de pirâmide ou esquema Ponzi, quebra e desaba, geralmente em cima dos investidores que estão mais abaixo.
Há quem diga, porém, que as empresas atuais vendem produtos bons, de qualidade e que esses são os carros chefes de seu sucesso. Porém, é natural que, quando você quiser ganhar algum dinheiro, você precisa trabalhar para isso. Quando se oferece a oportunidade de se tornar parceiro comercial sem ter que trabalhar para isso ou realizando trabalhos mínimos é preciso ficar atento, pois provavelmente trata-se de esquema de pirâmide.
Não que todas as empresas de Marketing Multinível sejam todas fraudulentas. Um exemplo clássico é a Natura, com revendedores por todo Brasil. Todo mundo que conhece um revendedor sabe que as margens lucro são pequenas e os maiores incentivos são relativos às vendas, não ao recrutamento de novos revendedores.

Portanto, fique atento quando te oferecerem uma oferta lucrativa, com pouco ou nenhum esforço: provavelmente é um golpe. Para quem já está dentro, uma dica, não saia, tente recuperar seu investimento, não fique convidando outras pessoas e saia assim que acabar seu contrato, torcendo para que isso aconteça antes de a pirâmide cair.

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