Originalmente publicada no Jornal "O Diário", Edição 1.719, em 20 de junho de 2013.
Esta semana nossa
seleção estreou na Copa das Confederações. Muito foi dito sobre a estreia,
sobre como foi bela a vitória brasileira por 3 à 0 sobre o Japão, como o camisa
dez jogou bem, entre outros. E tenho que admitir, foi mesmo, apesar de não ter
sido espetacular foi uma boa atuação. Ainda não é aquele time com que sonhamos.
Mas, de tudo, o que
mais me chamou a atenção foi o camisa dez, o bola da vez, Neymar. Não o gol
relâmpago ou as jogadas, que, por sinal, ainda não chegam aos pés daquelas que
estamos acostumados à ver no Santos, mas sim a Camisa 10 que ele vestia, por
sinal, a mesma que ele vem vestindo desde o amistoso contra a Inglaterra.
E um questionamento
me veio a mente durante o ultimo jogo: como é que a camisa 10 foi parar com o Neymar?
Nada contra ele, que fique claro, o considero um bom jogador, porém existem
algumas considerações sobre a camisa 10 que devem ser levadas em conta. Até
1950, não havia numeração dos jogadores nas Copas do Mundo. Na Copa do Mundo do
Brasil de 1950 (é, acreditem, essa não é a primeira Copa no Brasil!) foi
implantado o sistema de numeração, feita através da ordem alfabética da lista
de inscrição dos atletas.
Assim, o primeiro
camisa 10 da Seleção Canarinho foi Jair da Rosa Pinto, na época, ponta-esquerda
do Palmeiras. Duas copas depois, em 1958, por uma desses acasos do destino, o
décimo nome da lista alfabética da seleção brasileira era uma garoto magrelo,
chamado Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé.
O garoto prodígio de
17 anos, que encantou o então técnico da seleção Paulo Machado de Carvalho,
transformou, nas quatro copas que disputou com a camisa 10, um simples número
num manto sagrado, reservado somente aos melhores e maiores craques de seus
times. Depois de Pelé, a camisa 10 passou a ser vista como referência de arte e
beleza, de inteligência e elegância.
Anos depois, outros
jogadores, como Rivelino, Zico, Raí, Rivaldo e Ronaldinho (o Gaúcho, em seus
áureos tempos) continuaram a mesma tradição iniciada por Pelé, mantendo a 10 em
boas mãos, ops, em bons pés!
Mas nos últimos anos,
estamos carentes de um bom camisa 10, aquele em que sentimos a segurança de um
armador concentrado, que domina a jogada e que chama a responsabilidade para
si.
Talvez eu esteja
errado e o Neymar se prove esse camisa 10, mas até agora ele não mostrou nem o
estilo nem a posição de um verdadeiro 10. Afinal de contas levar a camisa 10
nas costas e toda uma seleção disputando uma Copa em casa pesa muito, e não
acho que Neymar tenha um bom físico capaz de segurar e levar nas costas esse
peso. Vou seguir observando e torcendo para que ele dê
conta do trabalho.
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