Publicado originalmente no Jornal "O Diário", edição 1.715, em 13/06/2013
“Nada
do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Assim começa a música
“Como uma onda”, de Lulu Santos. Apesar a música ter sido composta em 1983, ou
seja, trinta anos atrás, ela me ocorre muito frequentemente nos dias atuais.
Tudo
por causa das recentes matérias sobre supostos manifestantes que protestavam
contra os aumentos das passagens de ônibus em São Paulo, Goiânia, Natal e Rio
de Janeiro. É difícil imaginar como é que essas pessoas podem “protestar”
contra o aumento da passagem de ônibus, se fazem questão de destruir e depredar
bens públicos, nesse caso os próprios ônibus! Quem é que eles acham que vai
pagar essa conta ao final da festa?
Na
verdade, o problema não é só com as passagens de ônibus, mas sim com a forma de
protesto, que nesse caso virou bagunça, destruição. A dilapidação dos
princípios morais e a sucatização da educação (por educação, entenda não só o
ensino escolar, mas também a educação que as crianças e jovens recebem dos pais
em casa) tende, cada vez mais, a fazer com que os nossos jovens “protestantes”
não passem de massa de manobra para pessoas oportunistas que não querem a
melhoria das condições, mas sim a simples e pura desestabilização da sociedade,
com o vandalismo e a destruição física e psicológica da população.
E não
precisamos ir muito longe. Em março desse ano, estudantes universitários da
Universidade Federal de Mato Grosso manifestaram contra o fechamento da Casa do
Estudante mantida pela Universidade no bairro vizinho à instituição.
Entretanto, o que aconteceu, de verdade, é que a UFMT queria fechar a casa fora
do terreno da Universidade, com vaga para 50 alunos, em virtude da inauguração
da moradia dentro do campus, com
capacidade para 60 alunos, sem custo para os estudantes.
Os
estudantes alegaram que não queriam “desfazer os laços de amizade criados com
os vizinhos” e também queriam café da manhã de graça e quartos com
ar-condicionado. Lógico que eles estão com a razão, afinal que absurdo é esse
de se oferecer casa de graça onde existem regras contra festas e balbúrdias,
sem comida e ar-condicionado gratuito?! Até eu protestaria...
Claro
que a manifestação terminou em pancadaria, com a Polícia Militar obrigando a
passeata a terminar dentro do tempo que lhe foi autorizado e agredindo os
pobres estudantes que apenas se defenderam com pedras e pedaços de paus da PM.
São todos inocentes, claro!
Quem
é mais velho (e mais ligado em política e história) já deve ter pelo menos
ouvido falar de dois movimentos marcantes para a história do mundo: o Domingo
Sangrento, na Rússia Czarista, onde o padre George Gapon, cujo único objetivo
era entregar ao Czar uma petição em que denunciava maus tratos e péssimas
condições de trabalho, conduziu pacificamente os manifestantes, que cantavam
hinos religiosos e o Hino Imperial “Deus Salve o Czar”, foram brutalmente
atacados pela guarda palaciana, deixando 92 mortos e centenas de feridos.
Outro
protesto importante foi o Massacre da Praça da Paz Celestial, da China, em que
cerca de cem mil manifestantes pacíficos foram atacados por tanques militares. O
Massacre da Praça da Paz Celestial rendeu uma das mais famosas imagens da
história, quando um jovem desconhecido enfrenta, solitário e desarmado, uma
fileira de tanques de guerra, fazendo a fila toda parar. Segundo a Cruz Vermelha
Chinesa, cerca de 2.600 manifestantes morreram. Não houve baixas entre os
soldados.
Além disso, tanto os manifestantes do Padre Gapon, quanto os estudantes da Praça da Paz Celestial e os Caras-Pintadas nunca esconderam quem eram. Lutavam por um ideal e, por isso mesmo, sempre se orgulhavam desse ideal mostrando sempre seus rostos e seus desejos.
Já os atuais destruidores de ônibus, estes saem às ruas com o rosto coberto, para não serem identificados. E mesmo quando não escondem o rosto, se escondem atrás de palavras de ordem e de gritos de guerra cujo sentido mal compreendem.
Infelizmente, vinte anos atrás, Lulu Santos já nos avisava do por vir. Pena que não nos preparamos. Agora é tarde! Quem sabe, se esperarmos mais um pouco, “Tudo muda o tempo todo no mundo”.
Mesmo no Brasil, quem, pelo menos, nunca ouviu falar dos Caras-Pintadas? Um movimento pela ética no governo, que protestava contra as medidas impopulares e a corrupção do governo Collor, que culminou com a primeira, e única, cassação de um chefe de governo brasileiro.
Uma coisa em comum une todos esses movimentos e os diferencia dos protestos da atualidade: apesar de toda a repercussão e elevada quantidade de manifestantes, não se tem notícias de vandalismo, de destruição ou de qualquer tipo de abuso por parte dos manifestantes!Além disso, tanto os manifestantes do Padre Gapon, quanto os estudantes da Praça da Paz Celestial e os Caras-Pintadas nunca esconderam quem eram. Lutavam por um ideal e, por isso mesmo, sempre se orgulhavam desse ideal mostrando sempre seus rostos e seus desejos.
Já os atuais destruidores de ônibus, estes saem às ruas com o rosto coberto, para não serem identificados. E mesmo quando não escondem o rosto, se escondem atrás de palavras de ordem e de gritos de guerra cujo sentido mal compreendem.
Infelizmente, vinte anos atrás, Lulu Santos já nos avisava do por vir. Pena que não nos preparamos. Agora é tarde! Quem sabe, se esperarmos mais um pouco, “Tudo muda o tempo todo no mundo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário