Originalmente publicada no Jornal "O Diário", Edição 1.727, em 04 de julho de 2013.
No último domingo
vimos a final do torneio que a Fifa considera como uma prévia da Copa do Mundo,
a Copa das Confederações. Um jogo por muitos esperado, entre Brasil e Espanha.
Entre a seleção do futebol-arte e a seleção do tic-tac. Entre os dribles
rápidos e o passe preciso e funcional.
A maioria dos
torcedores previa o que seria um jogão, o clássico dos clássicos. Para quem
esperava um jogo eletrizante e arrebatador, o jogo foi uma decepção. Digo
decepção, porque não houve jogo. Um jogo é quando dois times se enfrentam e,
mutuamente, obrigam as defesas adversárias a trabalhar para evitar o gol. Por
esse conceito, Brasil x Espanha não passou de um jogo-treino para a seleção
canarinho.
Jogando como à muito
não se via, o Brasil assustou a Espanha desde o começo, com o gol relâmpago de
Fred. Depois, com uma pegada firme e onipresente, o Brasil impediu qualquer
tentativa de progresso dos espanhóis, reduzindo Xavi e Iniesta, os dois
principais craques da Fúria Espanhola, a meros coadjuvantes do show brasileiro
protagonizado por Neymar e Cia.
Aliás, sobre o camisa
10, admito que nunca fui o maior fã de Neymar. Mas tenho que reconhecer que
nesta Copa das Confederações, e mais ainda na final, ele justificou toda a
badalação que o cerca, servindo bem aos companheiros e sendo decisivo durante o
torneio.
Mais do que o
elástico resultado de 3 à 0, o jogo deste domingo trouxe aos brasileiros algo
que andava em falta: respeito pela sua seleção! Finalmente vimos novamente uma
seleção de futebol e não um aglomerado de jogadores presunçosos e egos enormes.
Vimos um time que nunca desistia, combativa e aguerrida. O maior exemplo da
raça dos jogadores talvez tenha sido o gol espanhol evitado pelo zagueiro Davi
Luiz.
Uma vez mais, o
técnico Luiz Felipe Scolari nos mostra que, antes de estrelas e craques, uma
seleção deve ter união e trabalho em equipe. Pegando, pela segunda vez, um
bonde andando, Felipão apostou em jogadores desconhecidos do torcedor
brasileiro, como Dante, Filipe Luiz e, principalmente, Luiz Gustavo, nomes
desprezados pelos antecessores, como Fred, mesclando-os com as jovens promessas
do futebol brasileiro, como Oscar e Neymar. E, mais uma vez, apesar de todas as
criticas e opiniões contrárias, Felipão levou um grupo de jogadores
desacreditados à ser tornarem, acima de tudo, uma família, a Família Scolari.
Desde o começo da
partida, com uma seleção que partiu para o abafa, reduzindo os espaços e
marcando em cima, o que se viu foi a garra e a raça dos jogadores brasileiros,
que parecem, finalmente, ter entendido a importância relativa dos fatos e a
influência que eles exercem sobre nossa nação. O resultado era, no final de
tudo, o que menos importava. Mesmo que perdêssemos, com a raça com que jogamos
no domingo, ainda era aceitável. O placar, no final, foi apenas a consequência
do trabalho bem feito, com responsabilidade e direção. Sem espaço para
estrelismo ou manifestações individuais, onde o coletivo falava mais alto.
Agora, quase uma
semana depois da épica partida brasileira, restam duas grandes esperanças: a
primeira é de que s Seleção Brasileira continue assim até a Copa do Mundo de
2014. A segunda é que os manifestantes e a população em geral se inspirem no
time que entrou em campo no Maracanã neste domingo, 30 de junho, e transformem
baderna em movimento, gritos de guerra em propostas sólidas, sem se tornarem
palco de vaidades egocêntricas e interesses particulares, em detrimento do
interesse público.
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