Tem gente que já deve estar de saco cheio, mas as minhas divagações sobre a pré-estréia do sexto filme do Harry Potter estão terminando.
Como já disse, nunca fui um grande apreciador dos filmes do Harry Potter. Por um motivo principal: a adaptação é péssima! É verdade que quase nunca uma adaptação de livro fica boa na telona. São casos raros. Tão raros que agora não me ocorre nenhum!
Desde muito tempo atrás, a adaptação dos livros para o cinema é complexa e cheia de defeitos. Os produtores alegam falta de tempo e recursos. Dizem que para um filme ficar minimamente parecido com o livro, eles precisariam de um épico com varias horas de duração. O argumento tem fundamento, mas não convence completamente. Isso porque tirar alguns elementos do livro por economia de tempo é aceitável, mas introduzir conceitos e situações que modificam a idéia original do autor é um pouco de exagero.
Mas os filmes do HP são um caso à parte. Sinceramente, espero que a J.K. esteja ganhando uma bolada e tenha um saco de paciência pra deixar fazerem isso com a sua obra.
Tenho a impressão de que os produtores e diretores não leram os livros com metade do interesse de um fã, ou não cometeriam as aberrações que cometeram em todos os filmes até agora rodados. Desde o primeiro da série, até o quinto, todos eles tinham uma apresentação sofrível e completamente desconectada da obra original. Os dizeres que aparecem nos créditos “baseado na obra de J.K. Rowling” deveriam ser alterados para “levemente semelhantes a algumas poucas coisas da obra de J.K. Rowling”.
Mas o sexto filme se supera. Desde trechos que são importantes do livro completamente obliterados do filme até mudanças cruciais de comportamento das personagens, quase tudo é modificado.
Claro que não podemos ser irascíveis. Algumas mudanças são aceitáveis e até mesmo necessárias para que o filme se desenrole e tenha cenas de maior movimento. Mas a forma com as mudanças foram feitas.
Na verdade, o filme me parece mais uma forma de como não fazer uma adaptação de obra literária. Mudar o comportamento psicológico das personagens nunca dá um bom efeito, principalmente porque corre-se o risco de perder a sua identidade. E numa seqüência longa como Harry Potter, isso pode ter conseqüências, no mínimo, desagradáveis.
Transformar Harry Potter e o Enigma do Príncipe num melodrama de romance adolescente, como foi feito é demonstração de incapacidade de produção, é apelação, do tipo “já que não vamos fazer um filme bom de verdade, mudamos tudo pra tirar a atenção da nossa incompetência!”
O mistério do Príncipe Mestiço que dá nome ao livro e ao filme é citado superficialmente, en passant, como se não tivesse nenhuma importância. Outra grande falha é o fato de que no livro o período em que este passa é cheio de desaparecimentos, de situações perturbadoras, o cria um clima de mistério e suspense. Já no filme, Voldemort nem sequer aparece, salvo em lembranças de sua juventude. Não há o mesmo medo se infiltrando pelas frestas da janela como no livro.
E por falar nas lembranças juvenis de Tom Riddle, esta é outra grande falha do filme. No livro, Harry e Dumbledore avançam juntos, de lembrança em lembrança, reconstituindo toda a vida de Voldemort. Quase toda a sua vida é explorada e investigada e tanto Harry quanto o leitor passam a compreender alguns dos motivos que levaram Tom Riddle a ser tornar o mais maléfico bruxo que já existiu.
Já no filme, novamente, isso fica de lado, sendo só um item coadjuvante da história. Duas miseras lembranças são mostradas, ainda por cima incompletas. Novamente, muda-se o perfil psicológico do personagem. Voldemort é visto como um garoto arredio e sem atrativos, conquanto no livro é descrito como um jovem que chama atenção para si, tentando fazer com que todos o notem. Além disso, é charmoso e sedutor quando precisa. No filme, todos esses aspectos são deixados de lado, bem como outras lembranças, que serão imprescindíveis para as tarefas que aguardam nosso herói no sétimo livro. Coitado de Harry do filme, ele tem um trabalho muito mais difícil do que seu congênere do literário.
Com todas essas elipses da história, com tudo o que foi tirado, você deve estar se perguntando o que afinal o filme mostrou. Bom mostrou um bando de adolescentes, com os hormônios em fúria, flertando praticamente o tempo todo, tentando acertar suas vidas amorosas. Voldemort não é tão importante quanto Harry beijar a Gina! Até mesmo uma cena foi introduzida no filme, sem nenhuma correspondência com o livro, creio que apenas para demonstrar o amor de Ginevra por Harry: o ataque dos Comensais da Morte à casa dos Wesley.
Até mesmo Dumbledore deu uma de alcoviteiro, elogiando a garçonete que Harry cantou (ele fez isso?) numa pequena lanchonete ou perguntando, cheio de segundas intenções, qual o relacionamento entre Harry e Hermione.
Algumas mudanças mais objetivas também não surtiram um bom efeito, pelo menos naqueles que já leram os livros. Por exemplo, o fato de Comensais da Morte poderem voar e se transformar em fumaça. O que pouca gente entendeu é que, entre o lançamento do livro e o lançamento do filme, alguns Comensais da Morte ficaram treinando, acabaram evoluindo e se transformaram super Comensais-Sayajins nível 3!
De forma geral, o desenvolvimento do filme é sofrível, o que me faz ter medo do que vão fazer nas duas partes em que transformaram o sétimo livro. No sexto, recriaram a história como um High School Musical Mágico, com um dramalhão romancesco adolescente no lugar de uma aventura que poderia ser magicamente épica!
Como já disse, nunca fui um grande apreciador dos filmes do Harry Potter. Por um motivo principal: a adaptação é péssima! É verdade que quase nunca uma adaptação de livro fica boa na telona. São casos raros. Tão raros que agora não me ocorre nenhum!
Desde muito tempo atrás, a adaptação dos livros para o cinema é complexa e cheia de defeitos. Os produtores alegam falta de tempo e recursos. Dizem que para um filme ficar minimamente parecido com o livro, eles precisariam de um épico com varias horas de duração. O argumento tem fundamento, mas não convence completamente. Isso porque tirar alguns elementos do livro por economia de tempo é aceitável, mas introduzir conceitos e situações que modificam a idéia original do autor é um pouco de exagero.
Mas os filmes do HP são um caso à parte. Sinceramente, espero que a J.K. esteja ganhando uma bolada e tenha um saco de paciência pra deixar fazerem isso com a sua obra.
Tenho a impressão de que os produtores e diretores não leram os livros com metade do interesse de um fã, ou não cometeriam as aberrações que cometeram em todos os filmes até agora rodados. Desde o primeiro da série, até o quinto, todos eles tinham uma apresentação sofrível e completamente desconectada da obra original. Os dizeres que aparecem nos créditos “baseado na obra de J.K. Rowling” deveriam ser alterados para “levemente semelhantes a algumas poucas coisas da obra de J.K. Rowling”.
Mas o sexto filme se supera. Desde trechos que são importantes do livro completamente obliterados do filme até mudanças cruciais de comportamento das personagens, quase tudo é modificado.
Claro que não podemos ser irascíveis. Algumas mudanças são aceitáveis e até mesmo necessárias para que o filme se desenrole e tenha cenas de maior movimento. Mas a forma com as mudanças foram feitas.
Na verdade, o filme me parece mais uma forma de como não fazer uma adaptação de obra literária. Mudar o comportamento psicológico das personagens nunca dá um bom efeito, principalmente porque corre-se o risco de perder a sua identidade. E numa seqüência longa como Harry Potter, isso pode ter conseqüências, no mínimo, desagradáveis.
Transformar Harry Potter e o Enigma do Príncipe num melodrama de romance adolescente, como foi feito é demonstração de incapacidade de produção, é apelação, do tipo “já que não vamos fazer um filme bom de verdade, mudamos tudo pra tirar a atenção da nossa incompetência!”
O mistério do Príncipe Mestiço que dá nome ao livro e ao filme é citado superficialmente, en passant, como se não tivesse nenhuma importância. Outra grande falha é o fato de que no livro o período em que este passa é cheio de desaparecimentos, de situações perturbadoras, o cria um clima de mistério e suspense. Já no filme, Voldemort nem sequer aparece, salvo em lembranças de sua juventude. Não há o mesmo medo se infiltrando pelas frestas da janela como no livro.
E por falar nas lembranças juvenis de Tom Riddle, esta é outra grande falha do filme. No livro, Harry e Dumbledore avançam juntos, de lembrança em lembrança, reconstituindo toda a vida de Voldemort. Quase toda a sua vida é explorada e investigada e tanto Harry quanto o leitor passam a compreender alguns dos motivos que levaram Tom Riddle a ser tornar o mais maléfico bruxo que já existiu.
Já no filme, novamente, isso fica de lado, sendo só um item coadjuvante da história. Duas miseras lembranças são mostradas, ainda por cima incompletas. Novamente, muda-se o perfil psicológico do personagem. Voldemort é visto como um garoto arredio e sem atrativos, conquanto no livro é descrito como um jovem que chama atenção para si, tentando fazer com que todos o notem. Além disso, é charmoso e sedutor quando precisa. No filme, todos esses aspectos são deixados de lado, bem como outras lembranças, que serão imprescindíveis para as tarefas que aguardam nosso herói no sétimo livro. Coitado de Harry do filme, ele tem um trabalho muito mais difícil do que seu congênere do literário.
Com todas essas elipses da história, com tudo o que foi tirado, você deve estar se perguntando o que afinal o filme mostrou. Bom mostrou um bando de adolescentes, com os hormônios em fúria, flertando praticamente o tempo todo, tentando acertar suas vidas amorosas. Voldemort não é tão importante quanto Harry beijar a Gina! Até mesmo uma cena foi introduzida no filme, sem nenhuma correspondência com o livro, creio que apenas para demonstrar o amor de Ginevra por Harry: o ataque dos Comensais da Morte à casa dos Wesley.
Até mesmo Dumbledore deu uma de alcoviteiro, elogiando a garçonete que Harry cantou (ele fez isso?) numa pequena lanchonete ou perguntando, cheio de segundas intenções, qual o relacionamento entre Harry e Hermione.
Algumas mudanças mais objetivas também não surtiram um bom efeito, pelo menos naqueles que já leram os livros. Por exemplo, o fato de Comensais da Morte poderem voar e se transformar em fumaça. O que pouca gente entendeu é que, entre o lançamento do livro e o lançamento do filme, alguns Comensais da Morte ficaram treinando, acabaram evoluindo e se transformaram super Comensais-Sayajins nível 3!
De forma geral, o desenvolvimento do filme é sofrível, o que me faz ter medo do que vão fazer nas duas partes em que transformaram o sétimo livro. No sexto, recriaram a história como um High School Musical Mágico, com um dramalhão romancesco adolescente no lugar de uma aventura que poderia ser magicamente épica!
Dessa vez você acertou guri, parabéns, critica fantástica, bem humorada, leitura deliciosa.... ve se aprende dessa vez.
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