Originalmente
publicada no Jornal "O Diário", Edição 1.748, em 09/08/2013.
Segundo
o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra Educação significa Ação de desenvolver as faculdades
psíquicas, intelectuais e morais. Conhecimento e prática dos hábitos sociais;
boas maneiras.
Durante toda essa semana fiquei me perguntando
sobre essa definição. Não porque não soubesse! Minha mãe me ensinou a ter
educação desde pequeno. Mas fiquei me perguntando o que isso significa nos dias
atuais. A indagação é válida quando vemos a atual situação da Educação
Mato-grossense.
Para quem não está por dentro, um breve resumo
dos últimos capítulos: depois de uma paralisação no primeiro semestre que
resultou apenas em muitas promessas vazias, os professores da rede estadual de
ensino decidiram deflagrar greve à partir da semana que vem. Suas
reivindicações? Nada mais simples (e justo, por sinal): aumento do poder de
compra do salário dos profissionais (Notem, não é aumento de salário
simplesmente, mas aumento do poder de compra. Isso quer dizer que tudo que os
professores querem é que o salário deles possa dar uma vida digna para seus
filhos), hora-atividade para os professores interinos (a hora-atividade, para
quem não sabe, é uma verba que compensa, em termos, o tempo gasto pelo
profissional fora da escola, preparando as aulas e corrigindo provas), a posse
dos aprovados em concurso e o investimento de 35% dos impostos na educação.
Quer dizer, tudo que os professores pedem é um
salário digno, igualdade de direitos, cumprimento da lei e melhoria na qualidade
das escolas dos nossos filhos. Na minha humilde opinião, nada fora do normal
nem excessivo. Mas o governo do Estado mais uma vez alega não ter recursos. Não
existe previsão orçamentária é a desculpa sempre citada.
Chamo de desculpa, e das mais esfarrapadas por
sinal, por que todos nós sabemos que é mentira, que o Estado tem recursos sim.
Eu poderia ficar horas desfiando os gastos das obras da Copa, o quanto essas
obras vão onerar o governo e toda aquela ladainha que todos estão cansados de
ouvir. Em resposta, eu poderia ouvir dos políticos demagogos que as verbas são
de origem diferente, que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe o desvio
desses recursos, que quem tá pagando tudo é a FIFA e a iniciativa privada,
todas aquelas respostas prontas em que ninguém acredita.
Mas o que mais me chamou a atenção é que, na
mesma semana em que os professores decidiram pela greve, para conseguir mais
recursos para a educação (que, segundo o Estado, não tem mais recurso algum), o
Diário Oficial do Estado nos brinda com uma licitação de meros 7 milhões e 700
mil reais para, adivinhem, serviços de buffet!
E o mais interessante, por incrível que pareça,
não é só o valor, mas o fato, um mero detalhe, que apenas duas empresas tenham
ganhado essa licitação. São 433.512 serviço de alimentação durante os próximos
12 meses e somente duas empresas conseguiram o negócio? Acho que vou abrir
restaurante que dá mais lucro.
Assim, enquanto nossos professores lutam contra
falta de estrutura, superlotação de salas de aula, falta de materiais
pedagógicos, um salário medíocre e comem arroz com ovo, nosso Secretário de
Educação só anda de carro com ar-condicionado e come salada de marisco e salmão
ao molho tártaro.
Sei não, mas não consegui ainda perceber onde gastar 7,7 milhões de
reais em serviço de buffet ajuda no desenvolvimento das faculdades psíquicas,
intelectuais e morais. Talvez até me falte conhecimento, mas acho que nosso
Secretário poderia melhorar sua prática dos hábitos sociais e boas maneiras com
nossos professores...
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