Dwayne Johnson, conhecido antigamente como o lutador de vale-tudo “The Rock”, tenta seguir uma trilha diferente dos seus colegas de luta que migraram para as tela de cinema: ser um bom ator! E vinha conseguindo isso. Carismático, sempre com alguma piada e aparentemente sem fazer esforço para conciliar músculos com boa atuação.
Em filmes como Com as Próprias Mãos e Bem-vindo à Selva ele se saiu muito bem, sem desapontar nem seus fãs da época da luta, nem parecer um boneco sem expressão para os amantes do cinema.
Mas cometeu um erro grave ao fazer parte do O Fada do Dente. Um filme que tinha uma idéia muito boa, uma proposta interessante e um elenco que inclui Ashley Judd e Julie Andrews e ainda a participação mais que especial de Billy Cristal, o filme tinha tudo para decolar.
Mas com um roteiro que se perde no meio do caminho e erros crassos de produção, o filme decepciona. Seguindo a linha da série Meu Papai é Noel, o longa trás a historia de um homem que perdeu suas fantasias e acha que deve fazer o mesmo com todos que encontra. Mas depois de quase dizer para a menininha Tess (Destiny Whitlock) que a Fada dos Dentes não existe, ele perde a namorada Carly (Ashley Judd) e ainda por cima é condenado pela própria Fada-Chefe do Dente (Julie Andrews) a passar duas semanas recolhendo dentes de crianças.
Até aí, tudo bem. A clássica história de quem perdeu suas esperanças e se vê jogado nelas sem direito à apelação. Mas ao invés de seguir um roteiro seqüenciado, com a progressiva mudança de pensamento, e de explicar com coerência a origem dos seus problemas, o filme prefere focar em como o trabalho como Fada do Dente acaba atrapalhando sua vida pessoal e profissional.
Além disso, a aproximação de Derek (Johnson) com o filho mais velho e problemático de Carly, Randy (Chase Ellison), é caótica, sem muita lógica. A participação de seu conselheiro Tracy (Stephen Merchant) também é bastante estranha. Ao contrario do que se prevê em filmes do gênero, não é uma relação de ódio que melhora com a mudança do protagonista. Em alguns momentos, Tracy parece querer ver a danação de Derek, em outros, logo depois, o trata como seu melhor amigo. Tudo isso para depois descobrirmos que não passa de pura inveja.
Outro erro grave do diretor Michael Lembeck é não aproveitar as presenças de Ashley Judd e Julie Andrews. As duas não chegam nem a ser coadjuvante de tão irrisórias são suas participações. São mais figurantes no filme. Com atrizes desse peso, seria de esperar que tivessem uma participação bem maior.
Agora, se o roteiro tem erros, a produção técnica nem se comenta. As asas das fadas parecem feitas de papelão, numa clara demonstração de que a produção não foi muito cuidadosa. Os efeitos especiais, numa era em que os efeitos são metade do filme, também não são lá essas coisas.
Mas o pior de tudo é o espectador poder ver as girafas, os microfones altos para a captação de som ambiente, aparecendo no meio das cenas. Um diretor que vir isso tem um ataque cardíaco. No meio da cena, lá vem, não só a ponta, mas todo o equipamento. Não me surpreenderia se numa cena qualquer fosse visto um assistente ou outra pessoa da produção.
Entretanto, apesar de todos os defeitos, Johnson consegue se sair razoavelmente bem. Sem roteiro e sem produção, o ex-lutador consegue arrancar boas risadas do publico. Não tem o mesmo apelo emocional da franquia Meu Papai é Noel, e não impressiona muito o público, mas ainda assim vale a pena assistir (se você não tiver mais nada pra fazer!). O típico filme da Sessão da Tarde.
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