terça-feira, 23 de setembro de 2014

Campanha

Essa semana, o Jornal Bom Dia Brasil, um noticiário que sempre achei interessante, está fazendo uma rodada de entrevistas com os candidatos à Presidência da República. Na verdade, são duas rodadas completamente diferentes. Uma, de meia hora, com os preferiti e outra, com uns 45 segundos com os menos cotados em pesquisas.
A discriminação começa aí. Porque uns tem todo o tempo do mundo e os outros um espaço irrisório, onde a “entrevista” é conduzida por apenas um repórter, que nem é dos mais incisivos? Onde fica a democracia, o todos são iguais e tudo isso que tanto governo quanto a mídia pregam?
Bom, deixando isso de lado, temos as entrevistas com os favoritos das pesquisas. Nesta segunda, foi a Presidenta Dilma. Na terça, o Senador Aécio Neves. Se entre os candidatos mais bem colocados na pesquisa e os menos votados existe discriminação, entre os principais a coisa também não fica atrás.
Na entrevista da Dilma, o sistema foi: “Eu te acuso, se você conseguir sair, eu te interrompo!” A Dilma foi interrompida sem a menor cerimônia por todos os entrevistadores. A Miriam Leitão, que supostamente é um paradigma de retidão, praticamente não deixou a mulher falar. A Dilma teve que ser grossa para poder ser ouvida: “O debate não é comigo? Então, deixa eu terminar de falar!” Essas foram as palavras da Presidenta.
O interessante é que toda a entrevista versou apenas sobre acusações que pesam sobre a Dilma. O caso Petrobrás? Como o Paulo Roberto Costa conseguiu se tornar diretor da Petrobras? Não é errado a Dilma falar na campanha que o programa da Marina é prejudicial para o país? O tempo todo foi só pancada.
Claro que a Dilma não perdeu o seu jeito doce e delicado, igual coice de mula. Mas diante do árduo trabalho do Globo em acusá-la, isso até justifica.
Mas o que mais me deixou intrigado é que o nesta Terça, quando entrevistou o Aécio, a postura foi outra. O homem falou o quanto quis. Eu contei, ele teve resposta que durou mais de quatro minutos, sem nenhuma interrupção.
Nas raras ocasiões em que os repórteres intervieram, ele os ignorou ou mandou que eles esperassem ele terminar. A Ana Paula Araújo chegou se desculpar pela interrupção, baixando a cabeça, como uma aluna do jardim de infância que foi pega numa travessura. A Miriam Leitão, que chegou ser áspera e agressiva com a Dilma, ficou muda; uma samambaia faria mais diferença.
O único que teve algum desempenho próximo do que foi na segunda foi o Chico Pinheiro e ainda assim com ressalvas.
Mas o mais interessante é que, enquanto todas as atenções da Dilma foram nos escândalos de corrupção, na entrevista com o Aécio, nada foi mencionado. Não se falou no Mensalão Tucano, na Privataria Tucana (que, por sinal, o Aécio que por pra funcionar de novo!), nas denúncias de desvio de verbas da saúde do governo mineiro enquanto Aécio era Governador e, principalmente, o escândalo do momento: o Aeroporto na Fazenda do Titio!
Não, a entrevista de Aécio focou apenas no seu plano de governo, que por sinal não existe ainda. Segundo o candidato, até antes da eleição ele vai finalizar. Até lá, é só confiar que quando ele for eleito Presidente tudo vai dar certo. Durante os 30 minutos de entrevista, Aécio não apresentou nenhuma proposta concreta, apenas críticas ao que o Governo Petista vem fazendo nos últimos 12 anos. Dizer o que ta errado ele sabe, mas o que fazer para melhorar, isso já tem idéia.
Na verdade, a Luciana Genro, em 45 segundos de entrevistas, apresentou mais propostas sólidas do que Aécio em meia hora.
Nesta quarta, teremos Marina Silva no Bom Dia Brasil. Se ela for tão boa quanto o Aécio, com propostas tão consistentes, tenho medo do futuro do país.

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