Publicado originalmente no site Olhar Direto em 06/07/2010
http://olhardireto.com.br/artigos/exibir.asp?artigo=Dias_de_Copa_A_Troca&id=1901
Já vi muitos filmes de gêmeos que trocam de lugar, seja pra enganar namoradas, seja para enganar pais separados. E sempre achei incrível como é que ninguém (geralmente) nunca nota a troca. Pessoas são diferentes umas das outras e via de regra, a gente percebe a diferença, mesmo que sejam exatamente iguais por fora.
Foi mais ou menos isso que senti nesse dia 02 de julho, quando a seleção brasileira voltou para o segundo tempo do jogo contra a Holanda. Como se todos tivessem sido substituídos pelo irmão gêmeo perna-de-pau. Por que ninguém me tira da cabeça que o time que desceu para o vestiário no intervalo não foi o mesmo que voltou.
No primeiro tempo, a seleção brasileira foi praticamente perfeita. Numa exibição que o Brasil esperou a Copa toda, o time parecia impecável e incorrigível: marcação firme, mas não violenta, feita desde a saída de bola holandesa, passes quase sempre milimétricos e uma postura sempre adiantada. Até o Kaká estava jogando bem. Só faltou melhorar a pontaria! Ficava até difícil para torcedores como eu, que tem a tendência de sempre ver o pior lado, reclamar. Não tinha o que falar de mal do time.
No primeiro tempo, foi um jogo de um time só. A Holanda ficou completamente alheia ao que acontecia em campo e só o goleiro Stakelenburguer fazia algo de produtivo: defesas. Até mesmo o atacante holandês Van Persie confessou em entrevista que no primeiro tempo o time estava dominado. Segundo ele, a Holanda não perdeu no primeiro tempo por muito pouco.
Já o segundo tempo...
No segundo tempo o Brasil foi tudo aquilo que o Brasil inteiro temia que pudesse acontecer. Um jogo lento, sem empolgação e sem brilho. Como eu disse antes, substituíram o time todo pelos gêmeos perna-de-pau!
Como foi que essa queda de produtividade aconteceu é a pergunta que todo o Brasil está se fazendo. Como é que um time que parecia imbatível no primeiro tempo pôde se tornar tão relapso e lento como se tornou no segundo tempo?
Alguns culparam o primeiro gol holandês, dizendo que o time perdeu o brilho, a empolgação e, de quebra, a cabeça depois do gol contra do Felipe Melo. Pessoalmente, discordo! Antes mesmo do gol o time já tinha caído de produção.
Outra teoria é a de que a substituição do Michel Bastos pelo Gilberto tenha dado liberdade para o Robben abrir uma avenida pelo lado esquerdo. Que o Gilberto não entrou bem eu concordo. Ele entrou no campo, mas não no jogo. Mesmo porque, depois que entrou, quase não se ouvia falar nele. Mas alegar que essa foi a causa da nossa derrota é exagerar um pouco a responsabilidade do Robben no jogo.
Tem outra teoria muito aceita, que culpa o Dunga, que diz que se o treinador tivesse mudado o time antes talvez tivesse obtido um resultado diferente. Não sei se faria muita diferença, afinal o Nilmar entrou mas pouco fez. Além disso, quem é que o Dunga poderia por em campo que faria a diferença? Numa situação daquelas, era necessário um jogador que fugisse do óbvio e que não se omitiria naquela situação. No grupo que foi para a África do Sul eu não via ninguém que se encaixasse nessa descrição.
A meu ver, o grande problema da seleção brasileira foi psicológico mesmo. Primeiro, um pensamento antecipado e tolo de que o jogo estava ganho e de que a Holanda não seria capaz de reagir durante o segundo tempo. Claro que esse pensamento é fadado ao fracasso e levaria inevitavelmente à derrota. Afinal, a Holanda não é um time nem ruim nem tolo. E dispunha de quarenta e cinco minutos para reagir.
Por outro lado, o Brasil nunca foi preparado psicologicamente para ficar atrás no placar. O time aparentemente nunca se preocupou em reagir à um resultado adverso. Pelo visto nessa sexta-feira, são nos piores momentos, aqueles em que são mais necessários, é que os nossos craques se omitem, se escondem e fogem da responsabilidade. Quem viu ou ouviu o Kaká ou o Robinho depois do segundo gol holandês? Eu não!
Na verdade, o que faltou foi um líder, alguém que chamasse a responsabilidade e a razão de volta ao time. Como Zizinho fez na Copa de 58, quando tomamos o primeiro gol da Hungria, que pegou a bola no fundo do gol e levou, calmo como gelo, de volta para o círculo central. Depois disso, ganhamos de cinco à dois. Faltou um Dunga de 94 ou 98, que aproveitava a comemoração do gol para dar bronca e não deixava o time se acomodar.
No final das contas, faltou mesmo foi controle emocional ao time, que acreditou demais na própria capacidade de vencer e na incapacidade de reverter um mac resultado.
http://olhardireto.com.br/artigos/exibir.asp?artigo=Dias_de_Copa_A_Troca&id=1901
Já vi muitos filmes de gêmeos que trocam de lugar, seja pra enganar namoradas, seja para enganar pais separados. E sempre achei incrível como é que ninguém (geralmente) nunca nota a troca. Pessoas são diferentes umas das outras e via de regra, a gente percebe a diferença, mesmo que sejam exatamente iguais por fora.
Foi mais ou menos isso que senti nesse dia 02 de julho, quando a seleção brasileira voltou para o segundo tempo do jogo contra a Holanda. Como se todos tivessem sido substituídos pelo irmão gêmeo perna-de-pau. Por que ninguém me tira da cabeça que o time que desceu para o vestiário no intervalo não foi o mesmo que voltou.
No primeiro tempo, a seleção brasileira foi praticamente perfeita. Numa exibição que o Brasil esperou a Copa toda, o time parecia impecável e incorrigível: marcação firme, mas não violenta, feita desde a saída de bola holandesa, passes quase sempre milimétricos e uma postura sempre adiantada. Até o Kaká estava jogando bem. Só faltou melhorar a pontaria! Ficava até difícil para torcedores como eu, que tem a tendência de sempre ver o pior lado, reclamar. Não tinha o que falar de mal do time.
No primeiro tempo, foi um jogo de um time só. A Holanda ficou completamente alheia ao que acontecia em campo e só o goleiro Stakelenburguer fazia algo de produtivo: defesas. Até mesmo o atacante holandês Van Persie confessou em entrevista que no primeiro tempo o time estava dominado. Segundo ele, a Holanda não perdeu no primeiro tempo por muito pouco.
Já o segundo tempo...
No segundo tempo o Brasil foi tudo aquilo que o Brasil inteiro temia que pudesse acontecer. Um jogo lento, sem empolgação e sem brilho. Como eu disse antes, substituíram o time todo pelos gêmeos perna-de-pau!
Como foi que essa queda de produtividade aconteceu é a pergunta que todo o Brasil está se fazendo. Como é que um time que parecia imbatível no primeiro tempo pôde se tornar tão relapso e lento como se tornou no segundo tempo?
Alguns culparam o primeiro gol holandês, dizendo que o time perdeu o brilho, a empolgação e, de quebra, a cabeça depois do gol contra do Felipe Melo. Pessoalmente, discordo! Antes mesmo do gol o time já tinha caído de produção.
Outra teoria é a de que a substituição do Michel Bastos pelo Gilberto tenha dado liberdade para o Robben abrir uma avenida pelo lado esquerdo. Que o Gilberto não entrou bem eu concordo. Ele entrou no campo, mas não no jogo. Mesmo porque, depois que entrou, quase não se ouvia falar nele. Mas alegar que essa foi a causa da nossa derrota é exagerar um pouco a responsabilidade do Robben no jogo.
Tem outra teoria muito aceita, que culpa o Dunga, que diz que se o treinador tivesse mudado o time antes talvez tivesse obtido um resultado diferente. Não sei se faria muita diferença, afinal o Nilmar entrou mas pouco fez. Além disso, quem é que o Dunga poderia por em campo que faria a diferença? Numa situação daquelas, era necessário um jogador que fugisse do óbvio e que não se omitiria naquela situação. No grupo que foi para a África do Sul eu não via ninguém que se encaixasse nessa descrição.
A meu ver, o grande problema da seleção brasileira foi psicológico mesmo. Primeiro, um pensamento antecipado e tolo de que o jogo estava ganho e de que a Holanda não seria capaz de reagir durante o segundo tempo. Claro que esse pensamento é fadado ao fracasso e levaria inevitavelmente à derrota. Afinal, a Holanda não é um time nem ruim nem tolo. E dispunha de quarenta e cinco minutos para reagir.
Por outro lado, o Brasil nunca foi preparado psicologicamente para ficar atrás no placar. O time aparentemente nunca se preocupou em reagir à um resultado adverso. Pelo visto nessa sexta-feira, são nos piores momentos, aqueles em que são mais necessários, é que os nossos craques se omitem, se escondem e fogem da responsabilidade. Quem viu ou ouviu o Kaká ou o Robinho depois do segundo gol holandês? Eu não!
Na verdade, o que faltou foi um líder, alguém que chamasse a responsabilidade e a razão de volta ao time. Como Zizinho fez na Copa de 58, quando tomamos o primeiro gol da Hungria, que pegou a bola no fundo do gol e levou, calmo como gelo, de volta para o círculo central. Depois disso, ganhamos de cinco à dois. Faltou um Dunga de 94 ou 98, que aproveitava a comemoração do gol para dar bronca e não deixava o time se acomodar.
No final das contas, faltou mesmo foi controle emocional ao time, que acreditou demais na própria capacidade de vencer e na incapacidade de reverter um mac resultado.
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